quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A Pedra - não é original...

Estava eu caminhando pelas ruas do Rio quando, de repente, levantei o olhar da calçada e

Hã???

“No meio do caminho tinha uma pedra,
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra,
No meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento,
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra,
tinha uma pedra no meio do caminho,
no meio do caminho tinha uma pedra.”
Carlos Drummond de Andrade


Essa ligação não é nada original, mas na hora me veio a imagem da minha professora de Língua Portuguesa no segundo grau (prof. Magda, na época do Colégio Barão do Rio Branco em Cachoeira do Sul) recitando essa poesia durante as aulas e também na nossa formatura – na cerimônia uniu com “E agora, José?”, também de Drummond. Sweet memories! É minha missão, enquanto mãe, fazer com que essas referências (literárias como Drummond, por exemplo) cheguem um pouco antes para as próximas gerações(não só no segundo grau durante as aulas de literatura e língua portuguesa). Meu filho tem só cinco anos, mas já conheceu o seu Carlos no calçadão, dia desses, voltando da praia.

João Pedro de braços dados com Drummond.



Falando em referências literárias, preciso fazer a sugestão de compra – ou apenas de leitura ou os dois – do livro infantil escrito pelo artista plástico e fotógrafo Vik Muniz e ilustrado pela cantora gaúcha Adriana Calcanhotto chamado “Melchior, o mais melhor”. A historinha era contada pelo autor ao seu filho Gaspar quando ele era menor. Um amor! A realidade apresentada é bem brasileira: Melchior queria ser o mais melhor em tudo, veio um gênio e ... só lendo, né?


Detalhe da capa com foco no autor.
Detalhe da capa do livro com foco na ilustração/ilustradora.


Capa do livro "Melchior, o mais melhor".

Bah, mas e a pedra, hein? Pensando sobre a pedra – objeto em si – e linkando inevitavelmente com os obstáculos que aparecem no nosso caminho a toda hora durante a nossa passagem por essa dimensão fiquei me perguntando: porque será que existem algumas pessoas para as quais o tamanho da pedra não tem a menor importância – elas enxergam, analisam incansavelmente a situação, fazem cálculos, utilizam a teoria das probabilidades e, automaticamente, montam vários planos para tirá-la dali ou desviar (tudo friamente calculado).
Outros, não querem nem saber dos dados técnicos e das possibilidades, vão logo tratando de escalar, encarar, fazer túnel – o que for mais rápido para fazê-los chegar do outro lado e alcançar o dito objetivo (o negócio é agir e não perder tempo). E também existem os poetas, que olham a pedra, observam carinhosamente sua rudeza, ficam pensando porque diabos aquela pedra foi parar justamente ali, mas se está ali é porque deveria estar, ora, e tem certa beleza e leveza nisso tudo.
Ontem eu presenciei uma amiga tendo um chiliquinho quando a paciência acabou – ela se deu conta que está carregando uma pedra bem grande faz um ano... Sinceramente não sei a razão de deixarmos muitas situações tomarem um dimensão gigantesca ao invés de resolver, ou pelo menos falar aquelas coisas que ficam engasgadas feito pedras ou o famoso nó na garganta. Daí achamos melhor – ou mais fácil ou mais conveniente –  ficar carregando pedras ou um saco cheio delas poraí, pela vida – isso acaba com a coluna de qualquer um! A bem da verdade, eu simplesmente estranhei um morro de pedra bem no meio da rua – a típica rua com fim, um fim bem duro: a pedra. E aí? Vai deixar a pedra bloquear teu caminho?
SERVIÇO:
O livrinho eu comprei na livraria Travessa, mas pode ser encontrado no site da Cultura.
A pedra: é só olhar pro lado ou caminhar um pouquinho para encontrar alguma. É só ficar atento pra saber pular na hora certa - quando der, né? No caso da pedra em questão, no way.
Aguardo comentários sobre as pedras...
See you on Friday!
Bjins
Caroline


 

2 comentários:

  1. Com certezas muitas pedras... Porém nós na garganta poucos. A Carol sabe que não sou muito de ficar com nós na garganta e vou logo os desatando, hehe, colocando pra fora. bjs M. Cristina

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  2. Ah, eu sei sim! Muitos bjos e continua comentando. Por onde andas? Bjs

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